FESTIVAL VARILUX CRIA STREAMING GRATUITO COM 50 FILMES FRANCESES


Cena do filme ‘A última loucura de Claire Darling’ Foto: Divulgação

Cena do filme ‘A última loucura de Claire Darling’ Foto: Divulgação

Festival Varilux cria streaming gratuito com 50 filmes franceses

Com versão presencial sem data confirmada, evento faz tributo ao criador de Asterix morto em março

Giuliana de Toledo
28/04/2020 - 04:30 / Atualizado em 01/05/2020 - 22:22



Inicialmente programado para junho, o Festival Varilux de Cinema Francês faz parte da longa lista de eventos que sofrem as consequências da pandemia de coronavírus. A edição presencial, que ocorre há dez anos em cinemas de todo o Brasil com uma programação recheada de produções da França, por ora, ficou sem data certa. Enquanto isso, porém, os organizadores decidiram criar o Festival Varilux em Casa, que deixa à disposição, gratuitamente, 50 filmes em uma plataforma de streaming por quatro meses (contados a partir de segunda, 27 de abril). Para assistir, basta acessar festivalvariluxemcasa.com.br e preencher um cadastro.
A programação, em sua maioria, é de obras já exibidas com sucesso no festival. “A Revolução em Paris” (2018), por exemplo, foi um destaque no ano passado: com quase 21 mil espectadores, foi o filme mais assistido em uma década de evento. O longa de Pierre Schoeller narra episódios do nascimento da Revolução Francesa.
Outro drama que chama a atenção é “Graças a Deus”, de François Ozon, vencedor do Urso de Prata no Festival de Berlim de 2019, que mostra vítimas de um padre pedófilo lutando para provar suas histórias e fazer justiça.
— É um filme com muita sensibilidade — recomenda Christian Boudier, organizador do festival ao lado da mulher, Emmanuelle Boudier. — O cinema francês, em geral, tem um toque pessoal e uma relação forte com a realidade. É um cinema muito rico nisso, e nós precisamos de reflexão neste momento, além de diversão, claro.

Opções para os pequenos

Por isso, nem só temas pesados estão na programação, que passa também por comédia, aventura e animação. Nesta categoria, entre outras opções, estão dois filmes de um dos personagens mais clássicos do gênero na França, “Asterix e o segredo da poção mágica” (2018) e “Asterix e o domínio de deuses” (2014). Além da diversão que podem proporcionar, eles também entram na agenda como uma homenagem ao quadrinista Uderzo, um dos criadores de “Asterix”, que morreu, aos 92 anos, em 24 de março deste ano.
— Asterix é um personagem lendário, e os filmes têm uma qualidade impressionante, mas são diferentes do que as crianças costumam ver nos blockbusters americanos — destaca Boudier.
"Asterix e o segredo da poção mágica" está na programação do Festival Varilux em Casa Foto: Divulgação

"Asterix e o segredo da poção mágica" está na programação do Festival Varilux em Casa Foto: Divulgação

Além dos “Asterix”, há mais quatro filmes dublados como opção para os pequenos (e quem mais quiser): “Abril e o mundo extraordinário” (de 2015, com Marion Cotillard), “A raposa má” (2017), “O menino da floresta” (2011) e “Um gato em Paris” (2011).
A programação também inclui títulos com nomes importantes da cena francesa como Gérard Depardieu, que está na comédia dramática “Tour de France” (2017); Isabelle Huppert, que aparece na comédia “Branca como a neve” (2019); e Catherine Deneuve, destaque em “O reencontro” (2017) e “A última loucura de Claire Darling” (2019), ambos dramas com alguns toques de comédia.
A lista contempla ainda Jean Dujardin, em “O retorno do herói”, e Juliette Binoche, em “Quem você pensa que sou”, “Tal mãe, tal filha” e “Vidas duplas”.
Juliette Binoche em cena de "Quem você pensa que sou" Foto: Divulgação

Juliette Binoche em cena de "Quem você pensa que sou" Foto: Divulgação

E o festival nos moldes tradicionais, dentro das salas de cinema, ainda não foi descartado para 2020.
— Queremos que ele aconteça até o final do ano, se a reabertura dos cinemas for possível, claro. Esperamos que a quarentena reforce nas pessoas a importância de ir ao cinema. Essa é a nossa esperança para uma retomada rápida na atividade — conclui Boudier.

Veja alguns destaques

“A última loucura de Claire Darling” (2019)
O drama protagonizado por Catherine Deneuve mostra a personagem-título no que ela pensa ser seu último dia de vida. Claire coloca todos os seus pertences, até os mais valiosos, no gramado de casa para que vizinhos comprem-nos por poucos centavos. Cada objeto vai desvendar um aspecto da sua vida pouco convencional e trágica.
“Tal mãe, tal filha” (2017)
Juliette Binoche e Camille Cottin dividem cena como mãe e filha em um roteiro cômico que contrasta uma mãe despreocupada com uma filha centrada. A responsável Avril é o oposto de Mado, que vive sustentada pela filha. As coisas se complicam quando as duas se veem grávidas ao mesmo tempo e dentro da mesma casa, cada qual com sua crise.
“O poder de Diane” (2017)
O filme de Fabien Gorgeart conta a história de Diane (Clotilde Hesme), uma mulher que aceita ser a barriga de aluguel para o filho de Thomas e Jacques, seus melhores amigos. As coisas mudam, no entanto, quando ela se apaixona no meio dessas circunstâncias.
“Lulu, nua e crua” (2015)
A comédia dramática dirigida por Solveig Anspach coloca questões de gênero no centro da trama. Lulu, a protagonista, resolve não voltar para casa, onde o marido e os filhos a esperam, depois de ir a uma entrevista de emprego que não dá certo. Sem nada em mente, ela se dá uns dias de folga, longe de tudo, para tentar uma jornada numa espécie de reconexão consigo mesma.

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