BRIGITTE BARDOT, ÍCONE DO CINEMA, MORRE AOS 91 ANOS: COM SENSUALIDADE E ESPÍRITO LIVRE, SE TORNOU MITO FEMININO E ETERNIZOU NO MAPA MUNDIAL, BÚZIUS CIDADE PRAIANA DO BRASIL
Ícone do cinema, Bardott também foi sinônimo de beleza e libertação femininacrédito: Al Chabaka Magazine/Domínio público
Brigitte Bardot, ícone do cinema, morre aos 91 anos
Ícone do cinema francês e da cultura pop, Brigitte Bardot morreu aos 91 anos e deixou um legado marcado pelo estrelato, controvérsias e a defesa dos animais
Brigitte Bardot fez mais de 50 filmes e se consagrou como um dos maiores nomes do cinema, antes de se retirar do estrelato, aos 38 anoscrédito: DERRICK CEYRAC / AFP
Brigitte Bardot, atriz francesa ícone do cinema e da cultura pop, morreu neste domingo (28/12), na França, aos 91 anos. A causa da morte não foi divulgada até o momento.
A informação foi confirmada pela Fundação Brigitte Bardot, organização criada e presidida pela artista. Em comunicado enviado à imprensa, a organização lamentou a perda da fundadora, destacando que Bardot “abandonou uma carreira artística prestigiada para dedicar sua vida e sua energia à causa do bem-estar animal”.
Em outubro deste ano, a atriz havia sido hospitalizada em Toulon, no Sul da França, para passar por uma cirurgia considerada simples. Ela recebeu alta ainda no mesmo mês e se recuperava em casa, em Saint-Tropez.
Símbolo da liberdade feminina
Nascida em 28 de setembro de 1934, em Paris, Brigitte Bardot estreou no cinema em 1956, aos 22 anos, como protagonista do filme “E Deus criou a mulher”, dirigido por seu então marido, Roger Vadim. O filme a consagrou como símbolo de sensualidade e liberdade, ajudando a moldar a cultura pop das décadas de 1950 e 1960.
Apesar de uma carreira relativamente curta — entre 1952 e 1972 —, Bardot atuou em cerca de 50 filmes e deixou uma marca profunda na história do cinema. Nos anos 1960, consolidou seu prestígio artístico com dois clássicos: “A verdade” (1960), de Henri-Georges Clouzot, e “O desprezo” (1963), de Jean-Luc Godard.
Também esteve em produções como “Viva Maria!” (1965), de Louis Malle, ao lado de Jeanne Moreau; “O repouso do guerreiro” (1964), com Vadim; e “As petroleiras” (1971), em que contracenou com Claudia Cardinale.
Além do cinema, Bardot teve atuação como cantora e modelo. Em 1967, iniciou uma carreira paralela na música e, em parceria com Serge Gainsbourg, gravou canções que se tornaram populares na França, como “Harley Davidson” e “Bonnie and Clyde”.
A persona pública de Brigitte Bardot extrapolou a arte. Desde cedo, ela chamou atenção por desafiar normas sociais: apareceu de biquíni no Festival de Cannes em 1953 e, anos depois, causou polêmica ao comparecer ao Palácio do Eliseu usando calças, em um período em que mulheres eram esperadas em saias ou vestidos em eventos oficiais.
A vida pessoal foi intensamente acompanhada pela imprensa e se tornou parte central de sua imagem pública. Além de Roger Vadim, Bardot se envolveu com atores como Jean-Louis Trintignant, Jacques Charrier e Sami Frey; músicos como Gilbert Bécaud, Serge Gainsbourg e Sacha Distel; e o fotógrafo Gunter Sachs. Mais tarde, casou-se com o empresário Bernard d’Ormale.
Os vários relacionamentos, vividos sem discrição, fizeram dela um símbolo de autonomia feminina em plena revolução sexual. A escritora Simone de Beauvoir resumiu o impacto que ela causava: “Ela faz o que lhe agrada, e é isso que perturba”.
Em 1973, aos 38 anos, Brigitte Bardot decidiu encerrar definitivamente a carreira artística, com o filme “Colinot Trousse-Chemise". Cansada da fama e da perseguição dos paparazzi, retirou-se da vida pública e passou a viver de forma reclusa em sua casa, La Madrague, em Saint-Tropez, na Riviera Francesa.
Desde então, dedicou-se integralmente à defesa dos animais, causa que dizia acompanhar desde a infância. Criou a Fundação Brigitte Bardot, que se tornou referência internacional na luta contra a crueldade e a exploração animal. Atuou em campanhas contra a caça de focas no Canadá, as touradas na Espanha, o consumo de carne de cavalo e o uso de animais em testes laboratoriais.
Em livros e entrevistas, afirmava que a militância a havia “salvado” do desgaste psicológico causado pela fama e que se sentia mais próxima dos animais do que dos humanos.
Polêmicas
A trajetória de Bardot também foi marcada por controvérsias. Ao longo da vida, declarações sobre imigração, islamismo e homossexualidade resultaram em diversas condenações judiciais por incitação ao ódio racial. Entre 1997 e 2008, ela foi multada seis vezes pela Justiça francesa, especialmente por comentários direcionados à comunidade muçulmana.
Em um dos casos, um tribunal de Paris a condenou ao pagamento de 15 mil euros após declarar que os muçulmanos eram “essa população que está nos destruindo, destruindo o nosso país ao impor seus costumes”.
Casada desde 1992 com Bernard d’Ormale, ex-conselheiro da legenda de extrema direita Frente Nacional, Bardot passou a apoiar publicamente Jean-Marie Le Pen e, mais tarde, Marine Le Pen, a quem chamou de “a Joana d’Arc do século 21”. Mesmo questionada sobre seu papel na revolução sexual, ela rejeitava o rótulo. Em entrevista à BFM TV, em maio de 2025, afirmou: “O feminismo não é a minha praia; eu gosto de homens”.
Paixão pelo Brasil
Em 1964, Brigitte Bardot passou uma temporada no Brasil em busca de anonimato. Após desembarcar no Rio de Janeiro e negociar alguns dias de tranquilidade com a imprensa, seguiu para Armação dos Búzios, então um vilarejo de pescadores sem infraestrutura.
Encantada com o isolamento, permaneceu cerca de três meses no local e retornou ainda no mesmo ano. A passagem da atriz teve impacto duradouro: Búzios ganhou projeção internacional e se transformou em destino turístico. Em sua homenagem, a cidade criou a Orla Bardot e instalou uma estátua da atriz, que se tornou ponto turístico.
Apesar do reconhecimento, Bardot lamentava as transformações do balneário ao longo dos anos e dizia guardar na memória o período de vida simples longe dos holofotes.
Últimos anos
Nos últimos anos, Bardot viveu de forma cada vez mais isolada. Alternava-se entre sua casa em Saint-Tropez e uma propriedade no interior, onde abrigava animais. Dizia não usar celular nem computador e fazia raras aparições públicas.
Em 2023, enfrentou episódios de dificuldade respiratória e recebeu atendimento médico em casa. Em outubro de 2024, foi hospitalizada para uma cirurgia e recebeu alta semanas depois.
Fonte: https://www.em.com.br/cultura/2025/12/7322217-brigitte-bardot-icone-do-cinema-morre-aos-91-anos.html
Com sensualidade e espírito livre, Brigitte Bardot se tornou mito feminino
Atriz morreu aos 91 anos, neste domingo (28/12)
Com sua sensualidade e espírito livre, a atriz francesa Brigitte Bardot, que morreu aos 91 anos, foi um ícone feminino mundial, antes de abandonar o cinema para dedicar sua vida à defesa dos animais.
Com fama em todo o planeta, a atriz rodou quase 50 filmes, impôs um estilo de vestir simples e sensual e ajudou a estabelecer a fama de Saint-Tropez, na França, e de Búzios, no Brasil.
"Tenho muito orgulho da primeira parte da minha vida, que foi um sucesso e que agora me permite ter uma fama mundial, que me ajuda muito na proteção dos animais", declarou a estrela à AFP em 2024.
Ao ser questionada em outra ocasião sobre que atriz poderia interpretá-la em um filme, foi direta: "Nenhuma. Não há uma capaz de fazê-lo". E acrescentou: "O que falta? Minha personalidade".
A personalidade fora do comum lhe conferiu uma aura especial, observada amplamente em sua carreira cinematográfica.
"E Deus criou a mulher"
Bardot iniciou a carreira em 1956, aos 22 anos, em um filme criado especialmente para ela por seu marido, o cineasta Roger Vadim: "E Deus criou a mulher". No longa-metragem, a atriz, descalça e com o cabelo solto, dança um mambo apaixonado sobre uma mesa, com a saia aberta até a cintura.
A cena provocou escândalo. A França a recebeu inicialmente de maneira fria; nos Estados Unidos, ela encanta o público. A atriz, que as jovens da época tentavam imitar, contribuiu para a liberação sexual de uma sociedade ainda muito rígida.
Até Simone de Beauvoir foi conquistada. "Anda descalça, ignora deliberadamente as roupas sofisticadas, as joias, os perfumes, a maquiagem, todos os artifícios (...) Faz o que lhe dá vontade e é isso que perturba", escreveu a intelectual e principal referência do feminismo.
"Foi ídolo de toda uma geração de mulheres, uma referência importante", resumiu a jornalista Marie-Dominique Lelièvre, autora de uma biografia sobre a atriz.
A marchinha de carnaval 'Brigitte Bardot', cantada por Jorge Veiga em 1961, comprovou o sucesso da francesa e ganhou diversas versões.
"Trauma"
Na vida real, Bardot demonstra a mesma liberdade de sua personagem. "Uma garota de sua época, livre de qualquer sentimento de culpa, de qualquer tabu imposto pela sociedade", afirmou Vadim.
Perseguida por centenas de fotógrafos, Bardot perdeu qualquer sinal de privacidade, inclusive durante o parto de seu filho, em 1960. "A histeria que me cercava era uma loucura. A sala de parto instalada na minha casa, os fotógrafos atrás das janelas, os que se disfarçavam de médicos", contou anos depois.
"Associei o nascimento do meu filho a esse trauma", confessou, ao falar sobre a relação com seu único filho, Nicolas, criado pelo pai, o ator Jacques Charrier.
A atriz teve quatro maridos: Roger Vadim, Jacques Charrier, o milionário Gunter Sachs e o industrial Bernard d’Ormale, seu companheiro até os últimos dias.
Saint Tropez, o pacato vilarejo de pescadores no sul da França pelo qual se apaixonou, virou destino obrigatório do 'jet-set'. Sua casa, "La Madrague", que conservou por toda a vida, foi visitada por Bob Dylan ainda adolescente, que lhe dedicou sua primeira canção, e por John Lennon, que tomou LSD para acalmar os nervos antes do encontro.
Em um livro publicado recentemente, no entanto, Bardot lamentou que a pequena localidade tenha se transformado em "uma cidade de milionários onde já não se reconhece nada de seu encanto".
Uma segunda e polêmica vida
Em 1973, cansada do desgaste da fama e da perseguição dos paparazzi, decide encerrar a carreira cinematográfica de maneira abrupta, com apenas 38 anos. A partir de então, começa uma segunda vida: a defesa dos animais, uma causa que parecia excêntrica na época, mas que ela ajudaria a popularizar. Foi uma ativista ferrenha contra as touradas.
Em 1986, ela criou sua própria fundação com esse objetivo. Com o passar das décadas, a simpatia popular se transformou em desconcerto, diante dos comentários cada vez mais polêmicos da atriz.
Próxima dos 80 anos, ela declarou simpatia pela líder da extrema direita francesa Marine Le Pen, que chamou de "Joana d’Arc do século XXI" nas eleições presidenciais de 2012.
E, durante anos, fez comentários controversos sobre os homossexuais, a migração ou os muçulmanos, o que resultou em várias condenações por incitação ao ódio.
Fonte:https://www.em.com.br/cultura/2025/12/7322228-com-sensualidade-e-espirito-livre-brigitte-bardot-se-tornou-mito-feminino.html
Morre Brigitte Bardot: a lenda que eternizou Búzios no mapa mundial
Musa dos anos 1960, morreu neste domingo, aos 91 anos. A atriz transformou a pacata vila de pescadores na Região dos Lagos em um destino internacional
Uma estátua de Brigitte Bardot fica na Orla Bardot, que também tem esse nome em homenagem à francesacrédito: flickr/Cesar Cardoso
A icônica atriz francesa Brigitte Bardot, símbolo de beleza e rebeldia dos anos 1960, morreu neste domingo, aos 91 anos. Conhecida por suas atuações em filmes como “E Deus Criou a Mulher” e por sua defesa incansável dos direitos dos animais, Bardot deixa um legado que transcende as telas de cinema. Entre suas contribuições mais inesperadas está a transformação de uma pequena vila de pescadores no Brasil em um destino turístico internacional: Armação dos Búzios, na Região dos Lagos, no estado do Rio de Janeiro. Sua visita em 1964 não apenas marcou sua vida pessoal, mas projetou Búzios para o mundo, atraindo celebridades e turistas de todos os cantos.
Em janeiro de 1964, no auge de sua fama, Brigitte Bardot, então com 29 anos, decidiu escapar do assédio constante dos paparazzi em Paris e no Rio de Janeiro. Acompanhada de seu namorado brasileiro, o fotógrafo Bob Zagury, ela buscou refúgio em Búzios, uma modesta vila de pescadores com praias desertas e sem infraestrutura turística significativa na época. O que começou como uma viagem discreta para relaxar à beira-mar acabou se tornando um marco histórico para a região.
Naquele período, Búzios era pouco mais que um aglomerado de casas coloniais e barcos de pesca coloridos, habitado por cerca de 300 famílias que viviam da pesca e da agricultura. Sem eletricidade em muitas áreas e acessível apenas por estradas de terra ou barco, o local oferecia o isolamento perfeito para a estrela. Bardot e Zagury ficaram hospedados em uma simples casa de pescadores, desfrutando de dias tranquilos na Praia da Armação e em outras enseadas virgens.
A visita durou cerca de três meses, durante os quais Bardot se integrou à comunidade local. Ela passeava pelas ruas de paralelepípedos, experimentava a culinária fresca de frutos do mar e até participava de festas improvisadas com os pescadores. Essa exposição midiática catapultou Búzios para o cenário global, impulsionando o turismo e o desenvolvimento econômico da Região dos Lagos. Hoje, a península conta com mais de 20 praias, hotéis de luxo, restaurantes sofisticados e uma vibrante vida noturna, tudo graças ao "efeito Bardot".
Curiosidade inusitada: a caçada dos paparazzi e o plano de fuga
te Bardot visitou Búzios em 1964 e projetou a vila de pescadores para o mundo
Uma das curiosidades mais fascinantes da passagem de Bardot por Búzios envolve a persistência dos paparazzi. Inicialmente, o casal tentou se esconder no Rio, mas os fotógrafos os seguiram implacavelmente. Para despistá-los, Zagury e Bardot bolaram um plano astuto: espalharam rumores de que estavam indo para o sul do Brasil, enquanto na verdade rumavam para o norte, em direção a Búzios. Mesmo assim, alguns repórteres descobriram o refúgio e acamparam na vila, forçando o casal a se mudar para uma casa mais isolada na Praia dos Ossos. Essa "caçada" não só gerou manchetes internacionais, mas também imortalizou Bardot como a musa que "criou" Búzios.
Uma das curiosidades mais fascinantes da passagem de Bardot por Búzios envolve a persistência dos paparazzi. Inicialmente, o casal tentou se esconder no Rio, mas os fotógrafos os seguiram implacavelmente. Para despistá-los, Zagury e Bardot bolaram um plano astuto: espalharam rumores de que estavam indo para o sul do Brasil, enquanto na verdade rumavam para o norte, em direção a Búzios. Mesmo assim, alguns repórteres descobriram o refúgio e acamparam na vila, forçando o casal a se mudar para uma casa mais isolada na Praia dos Ossos. Essa "caçada" não só gerou manchetes internacionais, mas também imortalizou Bardot como a musa que "criou" Búzios.
Em homenagem à atriz, a cidade ergueu uma estátua de bronze dela sentada à beira-mar na Orla Bardot, um calçadão à beira da Praia da Armação que leva seu nome. A escultura, inaugurada em 1999, atrai milhares de turistas anualmente, que posam para fotos ao lado da "eterna BB". Bardot, que se aposentou do cinema em 1973 para se dedicar ao ativismo animal, visitou Búzios apenas mais uma vez, em 1965, mas seu impacto perdura.
Legado eterno na Região dos Lagos
Com a morte de Brigitte Bardot, o mundo perde uma figura polêmica e carismática, mas Búzios ganha mais um capítulo em sua história de glamour. A Região dos Lagos, com suas lagoas cristalinas e praias como Geribá e João Fernandes, continua a ser um dos destinos mais procurados do Brasil, graças à visão de uma atriz que viu beleza onde outros viam apenas simplicidade. Bardot não só projetou Búzios para o mundo, mas inspirou gerações a valorizar a natureza e a liberdade – valores que ecoam nas areias dessa joia brasileira.
Fonte:https://www.em.com.br/turismo/2025/12/7322214-morre-brigitte-bardot-a-lenda-que-eternizou-buzios-no-mapa-mundial.html
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